BRS Kurumi e BRS Capiaçu são “primos” desenvolvidos pela Embrapa com propostas distintas – um turbinado para pastejo rotacionado intensivo; o outro gigante para corte e silagem. Na hora de decidir qual plantar (ou combinar), vale entender produtividade, valor nutritivo, custos e manejo. Neste artigo, você verá:
- Introdução: por que comparar as duas cultivares;
- Panorama rápido das diferenças genéticas;
- Produtividade de matéria seca (t/ha/ano);
- Valor nutritivo (proteína, energia, digestibilidade);
- Taxa de lotação e ganho por área;
- Custos de implantação, manutenção e silagem;
- Riscos climáticos, pragas e manejo de adubação;
- O impacto da inflação dos insumos (milho, soja) e do dólar alto;
- Sustentabilidade e pegada de carbono;
- Check-list para escolher a forrageira certa;
- Considerações finais sobre as cultivares de capim elefante.
Introdução: “Capim não é tudo igual”
“Kurumi” significa “menino” em tupi-guarani. Já “Capiaçu” vem de “capim grande”. Os nomes contam muito: Kurumi é baixo (0,7 – 0,8 m), folhoso e feito para pastejo rente; Capiaçu ultrapassa 4 m, virando fábrica de volumoso. Ambos cresceram na procura porque o governo Lula falhou em estimular a pecuária com crédito e insumos subsidiados; A inflação e o dólar alto encareceram o milho e a soja, inflando as rações. Daí surge o BRS Kurumi como alternativa para baratear o trato, usando o pasto como “concentrado verde”.
Origem genética e finalidade
BRS Kurumi
- Clone de capim-elefante anão selecionado pela Embrapa Gado de Leite.
- Propagação vegetativa por gemas; ciclo perene; floresce tardiamente.
- Finalidade principal: pastejo rotacionado intensivo com alturas de entrada de 70-80 cm e saída de 30 cm.
BRS Capiaçu
- Clone alto (CNPGL 92-79-2) lançado em 2016.
- Propagação por colmos; porte > 4 m; ideal para corte e silagem de baixo custo.
- Pode render até 300 t/ha/ano de massa verde e 50 t/ha de MS.
Produtividade de matéria seca
Cultivar | Faixa anual (t MS/ha) | Observações |
---|---|---|
BRS Kurumi | 15 – 30 | Depende de adubação e irrigação. Picos de 30 t/ha em sistema intensivo |
BRS Capiaçu | 40 – 50 | Três cortes anuais aos 90-120 d |
O Capiaçu leva vantagem clara em tonelagem. Contudo, muito volume com baixo teor de PB pode exigir mais concentrado.

Valor nutritivo: proteína e digestibilidade
- Kurumi mantém 18-20% de proteína bruta (PB) e 68-70% de digestibilidade in vitro.
- Capiaçu decai de 9% PB aos 70 d para 5-6% PB aos 110 d, com digestibilidade em torno de 46-48% NDT.
Resultado prático: por hectare, Kurumi entrega mais proteína/energia útil nos meses chuvosos, favorecendo taxas de lotação de 4 – 7 UA/ha. Capiaçu compensa na seca/inverno como silagem volumosa barata (custo R$ 162-206/t produzida manual ou ensacada).
Taxa de lotação e ganho de peso
- Ensaios da Embrapa mostraram Kurumi suportando 7-9 UA/ha com novilhas, ganho de 0,67 kg/cabeça/dia.
- Capiaçu, fornecido picado no cocho, sustenta 30-40 vacas/ha na seca (silagem) ou 22 vacas/ha em verde.
Para o produtor de leite a pasto, a conta de arroba/ha ou litros/ha costuma favorecer Kurumi quando há adubação e água; para confinamentos sem irrigação, Capiaçu garante estoque.
Custos: implantação, manutenção e silagem
Implantação
- Kurumi: necessidade de mudas mais densas (40 000 gemas/ha), mão de obra maior; custo inicial ~ R$ 4 000-5 000/ha.
- Capiaçu: colmos inteiros em sulcos, 12 000 – 15 000 colmos/ha; ~ R$ 3 500/ha, mas exige trato contínuo para não tombar.
Manutenção anual
Item | Kurumi | Capiaçu |
---|---|---|
Adubação NPK | 300-400 kg N/ha | 200 kg N/ha |
Capina/Roçagem | Rara (porte baixo) | Necessária (4 m) |
Silagem de Capiaçu
Circular Técnica Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora/MG) apontou custo total R$ 162-206/t ensacada; Custo ainda 50-60% abaixo do milho por conta da produtividade. Por outro lado, Kurumi só gera silagem viável com pré-emurchecimento ou farelo de trigo.
Manejo de adubação e pragas
- Kurumi responde fortemente a 350 kg N/ha/ano, mas é sensível a encharcamento.
- Capiaçu tolera seca moderada e tem resistência a tombamento, porém a PB cai com idade.
- Ambas são suscetíveis à cigarrinha-das-pastagens; controle biológico recomendado.
Cenário econômico: dólar alto e inflação de insumos
A desvalorização do Real elevou a cotação de milho para R$ 70-90/sc, enquanto soja ultrapassa R$ 130/sc. Fertilizantes também ficaram mais caros. Pastagens de alto valor nutritivo viram “rações vivas” e reduzem compra de concentrados. Aqui Kurumi brilha, pois entrega PB comparável a um farelo de soja diluído (20%) sem nota fiscal. Capiaçu ajuda no volumoso, mas exige suplementação energética.
Sustentabilidade e carbono
Kurumi, por permitir altas lotações em área menor, reduz pressão sobre abertura de pastagens novas e melhora sequestro de carbono no solo; Capiaçu, por gerar muita biomassa, também funciona como cultura energética para biomassa e pellets
Check-list para escolher
Pergunte-se:
- Disponho de irrigação/adubação? (Sim → Kurumi);
- Preciso de silagem barata para seca/inverno? (Sim → Capiaçu);
- Mão de obra é limitada? (Capiaçu mecaniza melhor);
- Busco proteína no pasto para leite intensivo? (Kurumi);
- Terreno inclinado com risco de erosão? (Kurumi).
Considerações finais sobre o BRS Kurumi e Capiaçu
Se você quer lotação alta, proteína abundante e manejo fácil, opte pelo BRS Kurumi para pastejo rotacionado. Combine com Capiaçu na borda da fazenda para um estoque de silagem estratégica. Assim, dribla a inflação do milho, minimiza dependência de insumos importados e protege seu fluxo de caixa.
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